(O salmista) está com muita pena de si mesmo. Nada há de errado em sua vida. Sem dúvida ele é um homem bom. Mas está sofrendo dura pressão, está sendo maltratado, e até Deus parece tratá-lo de modo injusto. Isso era o que ele pensava de si mesmo, estando fora do santuário. Mas, no interior do templo, tudo isso mudou. « … Eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença» (Salmo 73.22). Que transfiguração. Que conceito por completo diferente de si próprio! E isso tudo resultou do fato de que o seu pensamento foi corrigido, tendo-se tornado verdadeiramente espiritual…
Este homem … não só revela sua honestidade e sinceridade, e a veracidade que era parte tão essencial do seu caráter, mas também – e isso é o que desejo salientar – manifesta certa compreensão da natureza da vida espiritual.
Nestes dois versículos (21,22), vemos o relato que este homem faz do seu arrependimento. Divisamos aí o que ele disse a si próprio, a respeito de si mesmo, e, em particular, acerca de sua conduta recente. É, de fato, um clássico exemplo de auto-exame honesto. Convido-o a considerá.lo comigo, em vista do importante apoio que dá à disciplina cristã. Esse arrependimento, esse estado em que alguém faz uma pausa, olha para si e fala consigo acerca de si mesmo, é um dos aspectos essenciais e da maior importância vital daquilo que comunmente leva o nome de disciplina da vida cristã. Não me desculpo por frisá-lo outra vez, porquanto é uma questão gravemente negligenciada hoje em dia. Pois quantas vezes ouvimos falar sobre a disciplina cristã nos dias atuais? Quantas vezes falamos nós sobre ela? Quantas vezes realmente a encontramos no âmago do nosso viver evangélico? Houve época em que ela ocupava a posição deveras central na Igreja cristã, e creio profundamente que é porque negligenciamos essa disciplina que a Igreja se acha na situação em que hoje está. Na verdade, não vejo esperança de nenhum avivamento genuíno e despertamento enquanto não retomarmos a ela.
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
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