… assim é que (Paulo) fala: «E, afinal, depois de todos, foi visto também por mim» … Ele foi o último dos apóstolos a ver o Senhor ressurreto … Todos eles O tinham visto juntos, de diferentes modos. Paulo não estava com eles nesse tempo; era blasfemo e perseguidor. Portanto, a expressão «depois de todos» significa depois de todos os apóstolos. Mas ele não foi apenas o último dos apóstolos; ele foi literalmente a última pessoa, a última de todas, a ver o Senhor redivivo. Ninguém mais viu a olhos nús o Senhor ressuscitado desde que o apóstolo Paulo O viu no caminho de Damasco … ele foi, deveras, o último de todos … Ele não era como os outros. Os outros tinham ouvido o ensino ministrado pelo Senhor, tinham estado com Ele todo o tempo … Estiveram com Ele desde o começo, e continuaram até o fim. Mas Paulo, ao contrário, tivera um nascimento algo antinatural e fora de hora, um nascimento essencialmente espiritual; apareceu de modo estranho e singular, e – depois de todos.
É isso que ele diz de si mesmo. E decerto só podia pensar nisso com pesar. Ele devia ter estado com eles desde O princípio; tudo lhe facilitara isso e tivera boas oportunidades – mas, naqueles tempos, ele odiava o Evangelho. (Como ele mesmo confessa): «Na verdade, e mim me parecia que muitas causas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno» (Atos 26.9). Ele achava que Jesus era blasfemo … Ele estava fora, mas todos os outros estavam dentro. Entretanto — «depois de todos», de maneira estranha, passou para dentro. Como lhe teria sido fácil passar o resto da vida a lastimar-se sobre o passado! … Ele não passou o restante da sua vida sentado num canto a lamuriar-se: «Eu fui o último a entrar. Por que fiz isso? Como pude rejeitá-lO?» Isso é o que as pessoas que padecem de depressão espiritual fazem. Paulo, porém, não o fez. O que o impressionou foi a maravilhosa graça que o deixou entrar, independentemente de «quando». E assim sucedeu que ele entrou na nova vida com tremendo zelo e, embora tivesse entrado «depois de todos», em certo sentido tornou-se o primeiro.
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
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