É muito interessante observar como o povo, ao se lhe apresentar o Evangelho, geralmente faz-lhe duas objeções principais, e… Ambas se acham freqüentemente nas mesmas pessoas. …Primeiramente, quando os homens ouvem esta proclamação: «Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos», quando se lhes diz que a salvação é completamente de graça, que é uma dádiva de Deus, que eles não a podem merecer, da qual não são dignos, e quanto à qual nada podem fazer senão recebê-la, imediatamente começam a opor-se, dizendo: «Mas isso é tornar a coisa fácil demais… Seguramente a salvação não pode ser tão fácil assim.»
Depois, quando se lhes demonstra que tem que ser desse modo, devido ao caráter da justiça a que se refere o texto, põem-se a objetar dizendo que isso é torná-la demasiado difícil, tão difícil mesmo que chega a ser impossível. … Eles se confundem. Você percebe, quanto a toda esta questão de justiça. Para eles, justiça é ser moral e decente até certo grau. Mas, justiça significa, em última análise, ser semelhante ao Senhor Jesus Cristo. …É esse o ponto que devemos atingir. E, por certo, no momento em que nos damos conta disso, percebemos que se trata de algo que somos incapazes de fazer, e percebemos que, portanto, temos de recebê-lo com a atitude de mendigos desamparados, como quem nada tem nas mãos, como quem o recebe inteiramente como dom gratuito… Contrapor-se ao Evangelho porque «torna as coisas fáceis demais», ou porque as torna demasiadamente difíceis, é virtualmente confessar que não somos cristãos coisa nenhuma. Cristão é aquele que reconhece que as afirmações e exigência do Evangelho são impossíveis, mas agradece a Deus que o Evangelho faz por nós o impossível.
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
Comments are closed.