Você se lembra da famosa história sobre William Wilberforce e a mulher que o procurou em plena campanha contra a escravatura e lhe perguntou: “Senhor Wilberforce, que me diz da alma?” Wilberforce voltou-se para a mulher e lhe disse: “Senhora, quase esqueci que tenho alma …” com todo o respeito devido a ele, a mulher estava certa. Por certo ela podia ser uma simples intrometida, mas não há evidência disso. Provavelmente, a mulher vira que ali estava um excelente cristão a realizar uma ótima obra. Sim, mas ela também vira e percebera que o perigo que ameaçava aquele homem era o de ficar ele tão absorvido na questão anti-escravista que chegasse a esquecer a própria alma.
Um homem pode ficar tão ocupado pregando nos púlpitos que acaba negligenciando e esquecendo sua própria alma. Depois de você ter assistido a todas as reuniões que lhe competem, e haver denunciado o comunismo até ficar rouco, depois de haver posto em ação sua apologética e haver desenrolado o seu esplêndido conhecimento de teologia, e a sua compreensão dos tempos, e o mapa completo que você elaborou dos próximos cinquenta anos, e após ter lido todas as traduções da Bíblia e haver demonstrado sua proficiência no conhecimento da sua mecânica, ainda lhe pergunto: “Em que pé estão suas relações com o Senhor Jesus Cristo?” Você conhece muitíssimo mais coisas do que há um ano; mas a Ele, você O conhece melhor? Você ataca muitos erros; mas você Lhe dedica maior amor? Seu conhecimento da Bíblia e suas traduções chegou a ser deveras impressionante, e você é um perito apologeta; mas está você obedecendo cada vez mais à lei de Deus e de Cristo? É sempre evidente e manifesto em sua vida o fruto do Espírito? Essas são as questões … “conhecê-lo” e “ser como Ele”. Se alguma coisa toma o lugar disso, estamos andando pela vereda errada. Todas estas outras coisas são meios para levar-nos a conhecê-lo, mas se nos apegarmos a elas, nos afastarão da vida que há em Cristo.
Extraído do devocional “Mensagem para hoje – Leituras diárias selecionadas das obras de D. M. Lloyd-Jones” – sob autorização da Editora PES
Comments are closed.